A Bíblia registra em (2 Sm. 9) (2 Sm 16)
(2 Sm. 19) (2 Sm. 21) que a história de Mefibosete passa a ser contada
quando Davi após assumir o trono como rei de Israel se lembrou
de seu pacto com Jônatas
(1 Sam. 20.11-15), e
perguntou se ainda havia restado alguém da casa de Saul a quem ele poderia
mostrar lealdade a aliança feita anos atrás. Então, Ziba, um dos servos
da casa de Saul, contou que Mefibosete vivia na casa de Maquir em Lo-Debar, ao
que prontamente o rei mandou buscá-lo, concedendo-lhe as propriedades de Saul e
estabelecendo que ele se sentasse diariamente à mesa do rei e ordenando que
Ziba se tornasse o seu servo (2 Sm 9).
Nos capítulos 16:1-6; 19:24-30, encontramos
a narrativa que descreve a intriga de Ziba quando ocorreu a traição de Absalão.
Naquela ocasião, Davi fugiu de seu filho Absalão e, Ziba foi ao seu encontro
levando-lhe as providências necessárias. Porém, Ziba usou daquele momento para
acusar falsamente a Mefibosete de ambicionar o reino. Davi,
movido por uma mentira acreditou em Ziba, e deu-lhe tudo o que pertencia a Mefibosete.
E, quando Davi retornou a Jerusalém depois da morte de Absalão, Mefibosete foi
ao seu encontro para se defender e provar sua inocência. Ao chegar à presença do
rei, foi questionado por ele acerca do ocorrido, e então teve a oportunidade de
relatar a traição de Ziba, contando que ele havia pedido ao servo (Ziba) para
que selasse um jumento (visto que ele era aleijado de ambos os pés) afim de que
pudesse viajar. Porém Ziba o largou para trás e idealizou um plano para
acusá-lo de traição. Mefibosete também lhe contou que durante o período em que o
rei fugia de Absalão, ele se lamentou por ele conforme era o costume da época, pois
ficou sem lavar os pés, sem lavar as suas roupas e nem aparou sua barba numa
nítida declaração de fidelidade ao rei Davi, mostrando que em nenhum momento
ele condescendia com o plano de Absalão.
Quando Davi ouviu a versão da história trazida
por Mefibosete, creu nele, mas mesmo assim lhe disse que os bens que ele havia herdado seriam
divididos entre ele e seu servo Ziba. Contudo, Mefibosete escolheu
ficar sem nada, ou seja, deixou que Ziba ficasse com todos os seus bens pois
queria demonstrar ao rei que o realmente lhe importava era a segurança e o bem-estar
de Davi (2 Sm 19:30). Assim termina a história de Mefibosete em 2 Sm 21.1-9 episódio
onde Davi o poupou de ser morto juntamente com sete membros da família de Saul
(incluindo o outro Mefibosete – que também aparece no texto) entregues aos
gibeonitas.
A reflexão acima é para lembra-nos de
que existe um grande perigo sobre ouvirmos apenas “um lado da história”.
Infelizmente na Igreja encontramos pessoas que são semeadores de intrigas e inimizades. Pessoas que procuram implodir
amizades de anos a fio; tentam corromper um elo de fidelidade construído ao
longo de uma história; semeiam a desconfiança e por fim, destroem amizades que
levamos toda uma vida cultivando. E, mais do que isso, há obreiros que por
inveja deterioram a confiança do pastor por suas ovelhas ou vice-versa.
Obreiros que destilam o veneno da contenta, do “diz-que-me-diz” e, sobretudo,
da calúnia. E, assim como Mefibosete preferiu abrir mão dos bens recebidos como
resultado de uma aliança, muitas vezes acabamos abrindo mão de muitas coisas
para preservar a amizade.
Que seja este o nosso alvo: olhar além
daquilo que as pessoas nos oferecem no sentido material e preservar o carinho,
a confiança e a fidelidade construída ao longo dos anos entre amigos, entre
irmãos, entre servos de Deus.
Que o Senhor nos dê o discernimento para
ouvirmos sem deixar que os semeadores de
intrigas e inimizades quebrem a aliança feita num tempo de paz.
(Pastora Rose Prado)