Paulo escreveu duas cartas à Timóteo e uma para Filemom e algo nos chama a atenção nessas cartas: os verbos sempre estão no imperativo, como, por exemplo: “Combata o bom combate”, “Exercite-se na piedade”, “Fortifique-se na graça”, “Pregue a palavra”, "...sê o exemplo , etc.
Em 1 Tm 4.12, Paulo escreve à Timóteo: "...sê o exemplo dos fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”. Tendo em vista que a palavra EXEMPLO extraída do grego, significa: modelo, imagem, ideal, padrão, podemos perguntar à nós mesmos: EM QUE DEVO SER EXEMPLO? O próprio apóstolo Paulo trás a resposta para essa indagação quando expressa a verdadeira conduta do servo de Deus, dizendo que devemos ser exemplo:
I – Na palavra:
Muitas vezes não damos importância às nossas palavras e falamos aleatoriamente tudo quanto nos vem à boca. Seja em casa, com os amigos, na igreja, com as pessoas que não professam a mesma fé que professamos, etc., o que falamos é que vai determinar o tipo de cristianismo que pregamos. No decorrer do dia corremos o sério risco de envergonhar o Evangelho, de escandalizar a fé que pregamos, de conduzir pessoas para longe de nós ou até quem sabe, matar alguém na fé, na esperança ou na amizade. Jesus falando ao povo disse: Lc. 6.45 “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca”. Você já parou para analisar o tipo de tesouro que há no seu coração? Certa vez alguém disse: "o quer vamos dizer às pessoas vai sair do estoque do nosso coração". E isto nos faz pensar: O que tenho estocado em meu coração ao longo de minha existência? Será mágoas, ressentimentos, frustrações ou a humildade adquirida através das experiências que os anos forjaram em nosso caráter? O estoque do nosso coração é que vai determinar nosso tipo de conversa, ou seja, é o que vai qualificar as nossas palavras! Isto nos faz lembrar de Mt.12.36, 37, “Mas vos digo que de toda palavra que os homens disserem hão de dar contas no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado.” É recomendável então, que façamos um balanço do que falamos, conversamos, xingamos ou abençoamos no decorrer do dia...
Um outro assunto pontuado pelo apóstolo Paulo em seu conselho à Timóteo acerca de uma vida de exemplo é:
Em outras palavras, Paulo dizia que a nossa conduta é que vai delinear se estamos agradando a Deus ou não, como está escrito: Col.1.10 “para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra e crescendo no conhecimento de Deus”. Se tratarmos o próximo com indiferença, com desdém, com acepção de pessoas estaremos envergonhando o Evangelho ao invés de frutificar na obra e crescer no conhecimento. Em 1 Tes. 3.7 “Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo”. Esse "bom testemunho" (boa conduta ou procedimento) reporta ao que os outros de fora (aqueles que ainda não receberam a Cristo como Salvador), falam ou pensam a nosso respeito, isto é, se desejam ou não ser como somos e fazer o que fazemos! Está escrito: 1 Tes. 4.11,12 “e procureis viver quietos e tratar dos vossos próprios negócios e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo tenho mandado. para que andeis honestamente para com os que estão de fora e não necessiteis de coisa alguma”. A nossa conduta vai testificar para o bem ou para o mal quem somos em Cristo. Se vivermos de acordo com o Evangelho, seremos parecido com Cristo.
Na seqüência da resposta de Paulo à Timóteo no qeu tange a uma vida de exemplo cristão, veremos a seguir:
III – Na caridade (amor na prática):
Pensando sobre este assunto, verificamos que na Bíblia o amor não é um sentimento, mas sim, um mandamento! Gal. 5.14 "Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo". Na versão da Bíblia Viva, encontramos 1 Jo 3.18 traduzido da seguinte forma: "Filhinhos, deixemos de dizer apenas que amamos as pessoas; vamos amá-las realmente e mostrar isso pelas nossas ações". Isto quer dizer que o amor está longe da esfera do sentimento abstrato e calcado nas nossas atitudes: Rm. 12.09, 10 “o amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”. Esse é o tipo de amor que envolve a atitude de: não empurrar na fila, não sair correndo pra ser o primeiro , não desprezar o próximo + sim: "preferindo-vos em honra uns aos outros”.
A preocupação de Paulo não se limitava apenas aos que "estão de fora", mas também, no convívio diário com nossa família e com a Igreja:
IV – No espírito (na comunhão):
Na condição de Família e Igreja devemos ter a mesma visão, o mesmo sonho, o mesmo objetivo (claro que dentro deste contexto cada um traz consigo suas particularidades, mas sem deixarmos de ser o "todo"). Paulo enfatizou em 1 Co. 1.10,11 “Rogo-vos pois irmãos, pelo nome do Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja em vós dissensões, antes sejais unidos em um mesmo sentido e em um mesmo parecer.Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé, que há contendas entre vós”. Não podemos viver com contendas pelos cantos, isso é divisão, facção, inimizade... e é o que temos visto, principalmente quando com tristeza assistimos pastores e líderes digladiando-se nos programas de televisão, na Internet e até mesmo em púlpitos! Usando as palavras de Jesus: Mt.12.25 “Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá". Parece tão difícil para as pessoas entenderem que as contendas enfraquecem o "corpo" seja ele familiar ou espiritual e que o Evangelho autêntico apregoa: Ef. 4.3 "Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz". Sem comunhão uns com os outros é vã a nossa pregação, é falso o nosso testemunho, é nula a nossa fé!
Dando continuidade às palavras de Paulo no verso em destaque no início desta mensagem, outro ponto salutar no conselho do apostolo à Timóteo é ser exemplo:
V – Na Fé:
Devemos ser EXEMPLO na fé. Mas, que fé? Hoje, virou moda dizer que não podemos ser taxativos achando que somente os evangélicos serão salvos, afinal, segundo alguns: "Todos os caminhos levam a Deus" ou "Não importa sua religião o Deus é o mesmo". Porém, as coisas não são bem assim! Paulo escreveu em 1 Co 8.6 “todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também". Isto nos leva a entender, que não podemos adorar a ninguém que não seja "Deus", isto é, imagens, coisas, pessoas, etc. Temos que ser exemplo na fé, ou seja, saber em quem temos crido e pregar a nossa fé! Que tipo de fé? Ora, a que pregamos e CREMOS:
- Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, Dt. 6.4; Mt. 28.19; Mc. 12.29.
- Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o carácter cristão, 2 Tm. 3.14-17.
- No nascimento virginal de Jesus, em Sua morte vicária e expiatória, em Sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus, Is. 7.14; Rm. 8.34; At. 1.9.
- Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que o pode restaurar a Deus, Rm. 3.23; At. 3.19.
- Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus, Jo. 3.3-8.
- No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efectuado por Jesus Cristo em nosso favor, At. 10.43; Rm. 10.13; 3.24-26; Hb. 7.25; 5.9.
- No batismo bíblico efectuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo, Mt. 28.19; Rm. 6.1-6; Cl. 2.12.
- Na necessidade e na possibilidade que temos de viver uma vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo, Hb. 9.14; 1 Pe. 1.15.
- No baptismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a Sua vontade, At. 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7.
- Na actualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a Sua soberana vontade, 1 Co. 12.1-12.
- Na segunda vinda premilenal de Cristo, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a Sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação; segunda - visível e corporal, com Sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos, 1 Ts. 4.16,17; 1 Co. 15.51-54; Ap. 20.4; Zc. 14.5; Jd. 14.
- Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de Cristo, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra, 2 Co. 5.10.
- No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis, Ap. 20.11-15.
- Na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis, Mt. 25.46
Sê exemplo na fé pregada por Jesus e ensinada pelos apóstolos!
VI– Na Pureza (simplicidade):
Muitos tem perdido a simplicidade! Em 2 Co 11.3 diz: "Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade que há em Cristo". Vivemos dias em que cada um quer ser mais que o outro, quer saber mais que o outro; quer ter mais que o outro. Mas o Evangelho é SIMPLICIDADE! E segundo o dicionário da Língua Portuguesa, SIMPLICIDADE significa "Ausência de complicação: simplicidade de raciocínio; naturalidade, ao falar ou escrever; Ingenuidade, candura". Descrevendo com nossas palavras é "ser você mesmo". Não queira transparecer alguém que você não é. Seja transparente, melhor dizendo, não seja nem melhor e nem pior do que os outros - seja apenas você! Seja alguém que fala com naturalidade, isento de malícias e que procura não complicar as coisas.
Este foi o conselho que Paulo deixou à Timóteo e à Igreja do Senhor Jesus Cristo!
por Rose Prado