Esse tema tem sido foco de muitas discussões
nos últimos anos e confesso que abordá-lo, não é tarefa fácil. Muito se lê a
respeito e as opiniões diferem de pessoa para pessoa, de grupo para grupo e até
mesmo do segmento religioso e cultural de cada um. Porém, nos últimos meses,
tenho pensado no assunto, até mesmo, por causa do comentário que um “anônimo” fez
no meu blog. Comentário não publicado, apenas pelo fato da pessoa não ter se
identificado, quem sabe não o tenha feito pela rudeza de suas palavras, que com
certeza, não combinam com o cristianismo que pregamos e vivemos.
Ao publicar artigos em meu blog trago sempre o
propósito da edificação e não para criar polêmicas ou descontentamentos. E, na
qualidade de “Pastora e Missionária”, reconhecida ou não pelas pessoas ou
denominações evangélicas, sinto a necessidade de refletir sobre o “(pré)
conceito” que algumas pessoas formaram em torno do lugar da mulher na Igreja.
Longe de ser feminista ou de polemizar, busquei uma análise sobre o tema, lançando
um olhar, a princípio, no papel da mulher na sociedade e, num segundo momento, pautando
a Bíblia como fonte de investigação.
A Mulher na
sociedade
Nas
últimas décadas, a mulher tem ocupado um lugar de destaque no cenário mundial,
experimentando uma ascensão crescente em todas as áreas do mercado de trabalho,
incluindo até mesmo o comando de nações. Segundo o Conselho das Mulheres
Líderes Mundiais vários países são governados por mulheres, a exemplo, temos: Michelle Bachelet, presidente
do Chile, 2006-2010; Helen Clark – primeira ministra da Nova Zelândia desde
1999; Tarja Halonen da Finlândia; Pratibha Patil, presidenta da Índia desde
2007; Cristina Kirchner, presidenta da Argentina desde o final de 2007 e dentre
tantas outras citadas, temos também Dilma Rousseff, a nossa atual presidenta.
São líderes que, ao longo dos anos têm demonstrado o quanto a mulher avançou
na conquista dos seus direitos e ideais.
Mas, nem sempre foi assim! Os vários períodos históricos da humanidade mostram o papel da mulher como sendo “propriedade” em sociedades patriarcais. As escolas filosóficas platônica, aristotélica e pitagórica, disseminavam pensamentos que privilegiavam os homens. Por exemplo, Aristóteles acreditava que a mulher, na sua anatomia, possuía um cérebro menor e por isso, era impedida de desenvolver sua capacidade racional e intelectual. Pitágoras, por sua vez, de acordo com Gorzoni, ensinava que “existe um princípio bom que gerou a ordem, a luz e o homem; há um princípio mau que gerou o caos, as trevas e a mulher”. Na sociedade grega, afirma a antropologia, que o papel da mulher se restringia ao cuidado da casa e dos filhos. Cultura essa, absorvida pela sociedade ocidental, dentro do sistema patriarcal em que a mulher era vista apenas como um objeto de prazer para o homem. O mesmo acontecia em Atenas, que segundo suas leis, as mulheres tinham de permanecer em silêncio nos ajuntamentos solenes, não podendo participar das assembleias e tão pouco eram consideradas cidadãs.
Mas, nem sempre foi assim! Os vários períodos históricos da humanidade mostram o papel da mulher como sendo “propriedade” em sociedades patriarcais. As escolas filosóficas platônica, aristotélica e pitagórica, disseminavam pensamentos que privilegiavam os homens. Por exemplo, Aristóteles acreditava que a mulher, na sua anatomia, possuía um cérebro menor e por isso, era impedida de desenvolver sua capacidade racional e intelectual. Pitágoras, por sua vez, de acordo com Gorzoni, ensinava que “existe um princípio bom que gerou a ordem, a luz e o homem; há um princípio mau que gerou o caos, as trevas e a mulher”. Na sociedade grega, afirma a antropologia, que o papel da mulher se restringia ao cuidado da casa e dos filhos. Cultura essa, absorvida pela sociedade ocidental, dentro do sistema patriarcal em que a mulher era vista apenas como um objeto de prazer para o homem. O mesmo acontecia em Atenas, que segundo suas leis, as mulheres tinham de permanecer em silêncio nos ajuntamentos solenes, não podendo participar das assembleias e tão pouco eram consideradas cidadãs.
A Mulher na Bíblia
No
modelo da sociedade judaica, que é o patriarcal, as mulheres viviam reprimidas,
eram desvalorizadas e não lhes era permitido falar com um homem, em público. Na tradição judaica,
a educação do menino judeu era
diferente daquela aplicada às meninas, ou seja, o menino frequentava a escola e
sempre lhe era necessário aprender mais e mais. Contudo, a menina não lhe era permitido estudar, pois quanto menos aprendesse, melhor! A
ela, competia aprender somente os afazeres domésticos “coisas de mulher”. Outro
detalhe é que uma mulher não podia ser testemunha num tribunal; não podia pedir
divórcio, enquanto o homem o fazia deliberadamente. Vivia, portanto, discriminada e isolada socialmente. Segundo Valdéz, os rabinos
diziam: “É preferível queimar o Livro da Lei, antes que, mostrá-lo para uma
mulher”. Outro mestre judeu, Rabí Eliezer, no século I d.C. comentava: “Quem
ensina a Lei para sua filha, ensina-lhe obscenidades”. Também diziam os
rabinos: “Todos os males que existem no mundo entram, durante o tempo que os
homens perdem falando com as mulheres”. No templo, só era permitido que a mulher entrasse até certo
ponto, pois havia um espaço reservado para elas; na sinagoga, havia uma
barreira que separava as mulheres dos homens.
Mulheres que seguiam a Jesus
Jesus, porém, quebrou as tradições; quebrou as barreiras
impostas às mulheres e passou a evidenciá-las, respeitá-las e valorizá-las.
Há um valioso depoimento histórico nos Evangelhos que
menciona, ao menos em cinco oportunidades, um grupo de mulheres que seguiam a
Jesus. De acordo com Lucas 8.1-3: ”Depois
disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas do
Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas
de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído
sete demônios;Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de
Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os
seus bens”.
Nesta passagem,
observamos a conjunção “e” denotando que Lucas coloca
os doze discípulos num mesmo nível das mulheres que seguiam a Jesus, visto que
elas também escutavam os ensinamentos em particular de Jesus, como podemos
constatar em Lucas 24.5-8: “Por que vocês estão
procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se do
que ele lhes disse, quando ainda estava com vocês na Galiléia: ‘É
necessário que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores,
seja crucificado e ressuscite no terceiro dia. Então se lembraram das
suas palavras”.
Chamo
a atenção aqui, para a repetição da palavra “lembrar”, duas vezes mencionadas
no texto. De acordo com o evangelista Lucas, as mulheres haviam escutado os
ensinamentos trazidos por Jesus, em particular, aos seus discípulos na Galiléia
(Lucas 9.18-27), falando acerca do que lhe sucederia nos últimos dias. Ora, se
o anjo que lhes aparecera no sepulcro lhes mandara “lembrar” do que Jesus lhes
ensinara, dá-nos a entender, obviamente, que elas participavam dos ensinamentos
particulares que Jesus dava aos seus discípulos. Ensinamentos estes, que nos
evangelhos, demonstram ter sido transmitido apenas para os homens. Vale ainda
ressaltar, que Jesus exercia o seu ministério com atitudes inovadoras e audaciosas,
por exemplo, a de ter admitido que mulheres viajassem com seu grupo, partilhando
de seus ensinamentos, demonstrando assim, que Jesus não fazia acepção entre "homem e mulher"
Outra menção feita pelo
evangelista é de Joana, mulher de Cuza. Mulher de boa posição econômica, esposa
de um dos homens, considerado dentre os mais importantes funcionários de
Herodes Antipas - aquele que mandara degolar João Batista. Joana era seguidora
de Jesus e fazia parte do grupo de mulheres que ajudavam economicamente o
ministério do Mestre até o final de sua missão (Luc. 24.10).
Mateus e Marcos citam as mulheres que o acompanhavam quando relatam a morte de Jesus: “Ali havia muitas mulheres, olhando de longe, aquelas que seguiram
Jesus desde a Galileia para servi-lo. Entre elas estavam Maria Madalena,
Maria a mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu” (Mt 27,
55-56). A mãe dos filhos de Zebedeu é nominada em Marcos, por Salomé. Ambos afirmavam que elas o
seguiam e o serviam.
A mulher submissa
Tendo Jesus, um olhar diferenciado da sociedade da época, acerca do lugar da mulher no Reino de Deus, aprendemos com Ele, que muitos confundem a submissão ensinada pelo apóstolo Paulo com “repressão e machismo”, que é o que ainda persiste nos dias de hoje desde o Antigo Testamento. Com isso, quero pensar um pouco sobre a submissão da mulher, tantas vezes, citada em nossos púlpitos, e muitas delas, fora do seu sentido original. Em Colossenses 3:18 diz: "Vós, mulheres, sede submissas aos vossos próprios maridos, como convém no Senhor". Contextualizando esta passagem bíblica, o apóstolo Paulo, nas suas exortações práticas, faz um apelo à Igreja em Colossos por uma vida alicerçada em Cristo. Dentre alguns direcionamentos, ele se refere nos versos 18 até o capítulo 4.1, ao relacionamento doméstico. Paulo falava aos irmãos acerca das nossas atitudes cristãs dentro da família: a de esposo; a de esposa; a de pai e filho e, a de senhor e de servo.
Naquela época, em algumas igrejas, havia uma tendência das mulheres
negligenciarem os seus deveres domésticos e procurar viver de uma forma mais
emancipada, você pode conferir isto lendo as epístolas pastorais de 1 e 2
Timóteo e Tito. Outro fator a se pensar, é que nos dias de Paulo, num conceito
geral, atribuía-se todos os direitos ao homem. Voltemos então, a pensar em Col.
3.18: "mulheres, sedes submissas aos vossos maridos". A
palavra "SUBMISSA" trás por sinônimos: obediente, dócil, flexível e
dependente. E, precisa ser bem entendida quanto ao seu significado, vejamos:
1. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, submissão é: “Ato ou efeito de submeter; obediência voluntária; sujeição; humildade, modéstia, passividade”;
2. De acordo com o significado etimológico da palavra: sub = debaixo de / missão = alvo, meta, objetivo. Assim, podemos entender que, “sub/missão”, trás o sentido de "estar debaixo da mesma missão".
1. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, submissão é: “Ato ou efeito de submeter; obediência voluntária; sujeição; humildade, modéstia, passividade”;
2. De acordo com o significado etimológico da palavra: sub = debaixo de / missão = alvo, meta, objetivo. Assim, podemos entender que, “sub/missão”, trás o sentido de "estar debaixo da mesma missão".
Dentro de um
contexto bíblico, ser SUBMISSA implica dizer que "a mulher deve estar
debaixo da mesma missão que o seu marido", ou seja, a missão do marido é construir
sua casa e sua família e, a mulher cristã, deve estar debaixo deste mesmo alvo,
desse mesmo objetivo, no relacionamento entre ambos, na criação dos filhos; na
administração do lar e no serviço ao Senhor. Por isso é de grande importância
saber localizar o contexto em que as passagens bíblicas nos orientam a uma vida
cristã.
A mulher na Igreja
A mulher na Igreja
Desde muitos
anos, a mulher tem sido mal interpretada quanto o seu lugar na Igreja, isto é,
baseando-se em 1 Timóteo 2.13 que afirma: “Primeiro
foi formado o homem, depois a mulher”, muitos interpretam que a mulher não
pode exercer uma posição de liderança na Igreja. Porém, em 1 Coríntios 11.5,
Paulo deixa claro que, em Corinto, as mulheres oravam e profetizavam no culto.
Outros, se apoiam em 1 Timóteo 2. 11-14 que diz: “A mulher deve aprender em
silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade
sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio. Porque primeiro foi formado
Adão, e depois Eva. E Adão não foi enganado, mas sim a mulher, que,
tendo sido enganada, tornou-se transgressora".
Esse
conceito de “autoridade” baseia-se em Gênesis 2.21-24. Entretanto, se nos
voltarmos a uma análise dos capítulos 1 e 2 de Gênesis descobriremos que, na
verdade, não havia uma ordem hierárquica entre o homem e a mulher, e sim, que
os dois foram feitos à imagem e semelhança de Deus e que, sem distinção, foram
instituídos por Deus a desfrutar da criação, como está escrito: “Não é bom
que o homem esteja só, farei para ele alguém que lhe seja equivalente” (Gênesis
2.18 - NVI). O que trouxe uma hierarquia entre ambos foi, na verdade, a entrada
do pecado no mundo. De acordo com
RODRIGUES, S. G (2006) “A queda realmente teve consequências
catastróficas para a relação entre Deus e os seres humanos, e entre eles
próprios. A posição de governante e súdito surgiu após a queda, mas não podemos
esquecer a redenção em Cristo Jesus, que renova todas as cosias (2 Coríntios
5.17)”. Usa-se o argumento da escolha de Deus, de que o primogênito, teria
autoridade sobre seus irmãos, e Adão, seria então, como um primogênito sobre a
mulher, porém esta prerrogativa não encontra respaldo, mesmo porque, Deus
escolheu Jacó, e não Esaú; José do Egito, e não seu irmão mais velho. Paulo
declara que, em Cristo, a ordem da criação de que a mulher é proveniente do
homem é equilibrada pelas mulheres dando à luz homens (I Coríntios 11.11,12).
Ao longo dos milhares de anos que
já se passaram, a humanidade segue o pensamento de que a mulher deve permanecer
no seu “lugar subalterno” e, que tudo quanto Deus fez em Cristo, deve
permanecer moldado na ideia da mulher “submissa”, no sentido subalternizado da
palavra.
O que nos resta mais a dizer? Se
Jesus, o Mestre dos mestres, resgatou a mulher da sua condição subalterna e do
seu isolamento na sociedade vigente da época e lhe conferiu o direito de pregar
a Palavra (quer liderança maior do que esta?), conforme relatado em Atos
2.17,18: “Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre
todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens
terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as
minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles
profetizarão”. Profetizar,
traz o sentido nesse texto de apregoar, pregar a Palavra.
Encerro minha análise com as palavras do apóstolo Paulo: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam
firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão” (Gálatas 5,1). Submeter a
mulher a um jugo que Cristo já quebrou é, no mínimo, não entender, absolutamente nada, do
que Ele nos ensinou!
Que a mulher consiga ocupar o
seu lugar dentro da Igreja e da sociedade, para servir a Deus conforme foi
chamada, vencendo todos os preconceitos que muitos transformam em ideias
pré-concebidas de coisas que, verdadeiramente, não foram ensinadas pelo nosso
libertador: JESUS!
À todas as mulheres, líderes ou não, dentro das igrejas; a todas que lutam por servir a Deus, venho motivar que olhem somente para Jesus, o autor e consumador da nossa fé, sendo submissas, isto é, se colocando debaixo da mesma missão que o seu esposo para edificar a sua casa e por fim, a Casa do Senhor!
Rose Prado
Deus é Fiel!