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março 07, 2012

(Pré) conceito: O lugar da mulher.

Todavia, no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher; pois assim como a mulher veio do homem, assim também o homem nasce da mulher, mas tudo vem de Deus” (1Co 11.11-12). 
Esse tema tem sido foco de muitas discussões nos últimos anos e confesso que abordá-lo, não é tarefa fácil. Muito se lê a respeito e as opiniões diferem de pessoa para pessoa, de grupo para grupo e até mesmo do segmento religioso e cultural de cada um. Porém, nos últimos meses, tenho pensado no assunto, até mesmo, por causa do comentário que um “anônimo” fez no meu blog. Comentário não publicado, apenas pelo fato da pessoa não ter se identificado, quem sabe não o tenha feito pela rudeza de suas palavras, que com certeza, não combinam com o cristianismo que pregamos e vivemos.
Ao publicar artigos em meu blog trago sempre o propósito da edificação e não para criar polêmicas ou descontentamentos. E, na qualidade de “Pastora e Missionária”, reconhecida ou não pelas pessoas ou denominações evangélicas, sinto a necessidade de refletir sobre o “(pré) conceito” que algumas pessoas formaram em torno do lugar da mulher na Igreja. Longe de ser feminista ou de polemizar, busquei uma análise sobre o tema, lançando um olhar, a princípio, no papel da mulher na sociedade e, num segundo momento, pautando a Bíblia como fonte de investigação.

A Mulher na sociedade

Nas últimas décadas, a mulher tem ocupado um lugar de destaque no cenário mundial, experimentando uma ascensão crescente em todas as áreas do mercado de trabalho, incluindo até mesmo o comando de nações. Segundo o Conselho das Mulheres Líderes Mundiais vários países são governados por mulheres, a exemplo, temos: Michelle Bachelet, presidente do Chile, 2006-2010; Helen Clark – primeira ministra da Nova Zelândia desde 1999; Tarja Halonen da Finlândia; Pratibha Patil, presidenta da Índia desde 2007; Cristina Kirchner, presidenta da Argentina desde o final de 2007 e dentre tantas outras citadas, temos também Dilma Rousseff, a nossa atual presidenta. São líderes que, ao longo dos anos têm demonstrado o quanto a mulher avançou na conquista dos seus direitos e ideais.

Mas, nem sempre foi assim! Os vários períodos históricos da humanidade mostram o papel da mulher como sendo “propriedade” em sociedades patriarcais. As escolas filosóficas platônica, aristotélica e pitagórica, disseminavam pensamentos que privilegiavam os homens.  Por exemplo, Aristóteles acreditava que a mulher, na sua anatomia, possuía um cérebro menor e por isso, era impedida de desenvolver sua capacidade racional e intelectual. Pitágoras, por sua vez, de acordo com Gorzoni, ensinava que “existe um princípio bom que gerou a ordem, a luz e o homem; há um princípio mau que gerou o caos, as trevas e a mulher”.  Na sociedade grega, afirma a antropologia, que o papel da mulher se restringia ao cuidado da casa e dos filhos. Cultura essa, absorvida pela sociedade ocidental, dentro do sistema patriarcal em que a mulher era vista apenas como um objeto de prazer para o homem. O mesmo acontecia em Atenas, que segundo suas leis, as mulheres tinham de permanecer em silêncio nos ajuntamentos solenes, não podendo participar das assembleias e tão pouco eram consideradas cidadãs.

A Mulher na Bíblia

No modelo da sociedade judaica, que é o patriarcal, as mulheres viviam reprimidas, eram desvalorizadas e não lhes era permitido falar com um homem, em público.  Na tradição judaica, a educação do menino judeu era diferente daquela aplicada às meninas, ou seja, o menino frequentava a escola e sempre lhe era necessário aprender mais e mais. Contudo, a menina não lhe era permitido estudar, pois quanto menos aprendesse, melhor! A ela, competia aprender somente os afazeres domésticos “coisas de mulher”. Outro detalhe é que uma mulher não podia ser testemunha num tribunal; não podia pedir divórcio, enquanto o homem o fazia deliberadamente. Vivia, portanto, discriminada e isolada socialmente. Segundo Valdéz, os rabinos diziam: “É preferível queimar o Livro da Lei, antes que, mostrá-lo para uma mulher”. Outro mestre judeu, Rabí Eliezer, no século I d.C. comentava: “Quem ensina a Lei para sua filha, ensina-lhe obscenidades”. Também diziam os rabinos: “Todos os males que existem no mundo entram, durante o tempo que os homens perdem falando com as mulheres”. No templo, só era permitido que a mulher entrasse até certo ponto, pois havia um espaço reservado para elas; na sinagoga, havia uma barreira que separava as mulheres dos homens.

Mulheres que seguiam a Jesus

Jesus, porém, quebrou as tradições; quebrou as barreiras impostas às mulheres e passou a evidenciá-las, respeitá-las e valorizá-las.
Há um valioso depoimento histórico nos Evangelhos que menciona, ao menos em cinco oportunidades, um grupo de mulheres que seguiam a Jesus. De acordo com Lucas 8.1-3: Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios;Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens”. 

Nesta passagem, observamos a conjunção “e” denotando que Lucas coloca os doze discípulos num mesmo nível das mulheres que seguiam a Jesus, visto que elas também escutavam os ensinamentos em particular de Jesus, como podemos constatar em Lucas 24.5-8: Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se do que ele lhes disse, quando ainda estava com vocês na Galiléia: ‘É necessário que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, seja crucificado e ressuscite no terceiro dia. Então se lembraram das suas palavras”. 
Chamo a atenção aqui, para a repetição da palavra “lembrar”, duas vezes mencionadas no texto. De acordo com o evangelista Lucas, as mulheres haviam escutado os ensinamentos trazidos por Jesus, em particular, aos seus discípulos na Galiléia (Lucas 9.18-27), falando acerca do que lhe sucederia nos últimos dias. Ora, se o anjo que lhes aparecera no sepulcro lhes mandara “lembrar” do que Jesus lhes ensinara, dá-nos a entender, obviamente, que elas participavam dos ensinamentos particulares que Jesus dava aos seus discípulos. Ensinamentos estes, que nos evangelhos, demonstram ter sido transmitido apenas para os homens. Vale ainda ressaltar, que Jesus exercia o seu ministério com atitudes inovadoras e audaciosas, por exemplo, a de ter admitido que mulheres viajassem com seu grupo, partilhando de seus ensinamentos, demonstrando assim, que Jesus não fazia acepção entre "homem e mulher"
Outra menção feita pelo evangelista é de Joana, mulher de Cuza. Mulher de boa posição econômica, esposa de um dos homens, considerado dentre os mais importantes funcionários de Herodes Antipas - aquele que mandara degolar João Batista. Joana era seguidora de Jesus e fazia parte do grupo de mulheres que ajudavam economicamente o ministério do Mestre até o final de sua missão (Luc. 24.10).
Mateus e Marcos citam as mulheres que o acompanhavam quando relatam a morte de Jesus: Ali havia muitas mulheres, olhando de longe, aquelas que seguiram Jesus desde a Galileia para servi-lo. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria a mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu” (Mt 27, 55-56). A                                                                            mãe dos filhos de Zebedeu é nominada em Marcos, por Salomé. Ambos afirmavam que elas o seguiam e o serviam.

A mulher submissa

Tendo Jesus, um olhar diferenciado da sociedade da época, acerca do lugar da mulher no Reino de Deus, aprendemos com Ele, que muitos confundem a submissão ensinada pelo apóstolo Paulo com “repressão e machismo”, que é o que ainda persiste nos dias de hoje desde o Antigo Testamento. Com isso, quero pensar um pouco sobre a submissão da mulher, tantas vezes, citada em nossos púlpitos, e muitas delas, fora do seu sentido original. Em Colossenses 3:18  diz: "Vós, mulheres, sede submissas aos vossos próprios maridos, como convém no Senhor". Contextualizando esta passagem bíblica, o apóstolo Paulo, nas suas exortações práticas, faz um apelo à Igreja em Colossos por uma vida alicerçada em Cristo. Dentre alguns direcionamentos, ele se refere nos versos 18 até o capítulo 4.1, ao relacionamento doméstico. Paulo falava aos irmãos acerca das nossas atitudes cristãs dentro da família: a de esposo; a de esposa; a de pai e filho e, a de senhor e de servo.
Naquela época, em algumas igrejas, havia uma tendência das mulheres negligenciarem os seus deveres domésticos e procurar viver de uma forma mais emancipada, você pode conferir isto lendo as epístolas pastorais de 1 e 2 Timóteo e Tito. Outro fator a se pensar, é que nos dias de Paulo, num conceito geral, atribuía-se todos os direitos ao homem. Voltemos então, a pensar em Col. 3.18: "mulheres, sedes submissas aos vossos maridos". A palavra "SUBMISSA" trás por sinônimos: obediente, dócil, flexível e dependente. E, precisa ser bem entendida quanto ao seu significado, vejamos:
1. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, submissão é: “Ato ou efeito de submeter; obediência voluntária; sujeição; humildade, modéstia, passividade”;
2. De acordo com o significado etimológico da palavra: sub = debaixo de / missão = alvo, meta, objetivo. Assim, podemos entender que, “sub/missão”, trás o sentido de "estar debaixo da mesma missão".

Dentro de um contexto bíblico, ser SUBMISSA implica dizer que "a mulher deve estar debaixo da mesma missão que o seu marido", ou seja, a missão do marido é construir sua casa e sua família e, a mulher cristã, deve estar debaixo deste mesmo alvo, desse mesmo objetivo, no relacionamento entre ambos, na criação dos filhos; na administração do lar e no serviço ao Senhor. Por isso é de grande importância saber localizar o contexto em que as passagens bíblicas nos orientam a uma vida cristã.                                             

A mulher na Igreja

Desde muitos anos, a mulher tem sido mal interpretada quanto o seu lugar na Igreja, isto é, baseando-se em 1 Timóteo 2.13 que afirma: Primeiro foi formado o homem, depois a mulher, muitos interpretam que a mulher não pode exercer uma posição de liderança na Igreja. Porém, em 1 Coríntios 11.5, Paulo deixa claro que, em Corinto, as mulheres oravam e profetizavam no culto. Outros, se apoiam em 1 Timóteo 2. 11-14 que diz: A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, e depois Eva. E Adão não foi enganado, mas sim a mulher, que, tendo sido enganada, tornou-se transgressora".  
Esse conceito de “autoridade” baseia-se em Gênesis 2.21-24. Entretanto, se nos voltarmos a uma análise dos capítulos 1 e 2 de Gênesis descobriremos que, na verdade, não havia uma ordem hierárquica entre o homem e a mulher, e sim, que os dois foram feitos à imagem e semelhança de Deus e que, sem distinção, foram instituídos por Deus a desfrutar da criação, como está escrito:Não é bom que o homem esteja só, farei para ele alguém que lhe seja equivalente (Gênesis 2.18 - NVI). O que trouxe uma hierarquia entre ambos foi, na verdade, a entrada do pecado no mundo.  De acordo com RODRIGUES, S. G (2006) “A queda realmente teve consequências catastróficas para a relação entre Deus e os seres humanos, e entre eles próprios. A posição de governante e súdito surgiu após a queda, mas não podemos esquecer a redenção em Cristo Jesus, que renova todas as cosias (2 Coríntios 5.17)”. Usa-se o argumento da escolha de Deus, de que o primogênito, teria autoridade sobre seus irmãos, e Adão, seria então, como um primogênito sobre a mulher, porém esta prerrogativa não encontra respaldo, mesmo porque, Deus escolheu Jacó, e não Esaú; José do Egito, e não seu irmão mais velho. Paulo declara que, em Cristo, a ordem da criação de que a mulher é proveniente do homem é equilibrada pelas mulheres dando à luz homens (I Coríntios 11.11,12).
Ao longo dos milhares de anos que já se passaram, a humanidade segue o pensamento de que a mulher deve permanecer no seu “lugar subalterno” e, que tudo quanto Deus fez em Cristo, deve permanecer moldado na ideia da mulher “submissa”, no sentido subalternizado da palavra.
O que nos resta mais a dizer? Se Jesus, o Mestre dos mestres, resgatou a mulher da sua condição subalterna e do seu isolamento na sociedade vigente da época e lhe conferiu o direito de pregar a Palavra (quer liderança maior do que esta?), conforme relatado em Atos 2.17,18: “Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão. Profetizar, traz o sentido nesse texto de apregoar, pregar a Palavra.
Encerro minha análise com as palavras do apóstolo Paulo: Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão” (Gálatas 5,1). Submeter a mulher a um jugo que Cristo já quebrou é, no mínimo, não entender, absolutamente nada, do que Ele nos ensinou!

Que a mulher consiga ocupar o seu lugar dentro da Igreja e da sociedade, para servir a Deus conforme foi chamada, vencendo todos os preconceitos que muitos transformam em ideias pré-concebidas de coisas que, verdadeiramente, não foram ensinadas pelo nosso libertador: JESUS!
À todas as mulheres, líderes ou não, dentro das igrejas; a todas que lutam por servir a Deus, venho motivar que olhem somente para Jesus, o autor e consumador da nossa fé, sendo submissas, isto é, se colocando debaixo da mesma missão que o seu esposo para edificar a sua casa e por fim, a Casa do Senhor!                                                


        Rose Prado
         Deus é Fiel!